Ah... ah... ah...
Ah... ah... ah...
No café da esquina, vejo rostos se cruzando,
Mas o olhar não encontra o meu.
Eles falam, mas nada me chega,
Eu sou só mais um em uma rua cheia.
Tento sorrir, mas é como se fosse pra ninguém,
Não sei mais se sou eu ou só alguém qualquer.
Olho para o lado e os corpos se movem,
Mas por dentro, sigo parado, como um rio que não flui.
Entre tantas vozes, me perco em mim,
O que é que sobra quando ninguém me vê?
Eu estou aqui, mas não sei onde estou,
Entre a falta de olhares e o desejo de ser.
Há uma dança, mas o ritmo é outro,
Me vejo à margem, tentando entender.
Os gestos são rápidos, mas o tempo parece demorar,
E eu só queria alguém para me enxergar.
Será que sou eu que estou longe, ou é o mundo que me afastou?
Cada rua, cada esquina, me afasta mais de quem sou.
Entre tanto movimento, fiquei parado,
E não sei mais onde termina a rua e onde começa o coração.
Entre tantas vozes, me perco em mim,
O que é que sobra quando ninguém me vê?
Eu estou aqui, mas não sei onde estou,
Entre a falta de olhares e o desejo de ser.
E sigo, perdido entre rostos e gestos,
Procurando algo que não sei o que é.
Mas talvez, no fim de tudo, eu só queira
Ser visto, ser tocado, ser realmente alguém.
Ah... ah... ah...
Ah... ah... ah...