E Agora, Seu João?
[Introdução
Uuuu… ahhhh…
E agora, Seu João?
E agora, Dona Maria?
O peso da vida não é poesia.
[Estrofe 1
Quer saber o que é mais valia?
A mão que trabalha, mas nunca usufrui.
Enquanto você produz a riqueza,
O patrão descansa, sorri e flui.
Eles falam de Deus, com arminha na mão,
Discurso bonito pra justificar opressão.
Dizem que a mamata acabou, é o fim,
Mas quem paga é você, sempre assim.
[Refrão
Ohhh, e agora, Seu João?
Quem paga o preço da sua ausência no chão?
São 48 pra ir, mais 24 pra voltar,
Quem paga o tempo que não volta no seu lar?
[Ponte 1
Duas horas no ônibus, mais duas no trem,
Enquanto isso, seus filhos perguntam por quem.
O sistema te suga, te faz invisível,
Mas você é valioso, você é incrível!
[Estrofe 2
Escravizam as mentes, mentem sobre o passado,
Dizem que a abolição já tinha nos libertado.
Mas herdeiros do sistema, sempre a lucrar,
Têm medo que sua força venha despertar.
E a multa do Estado? Quem vai cobrar?
Você trabalha, trabalha, sem tempo pra amar.
E na folga, cansado, nem dá pra notar,
Que a vida passou e você nem viu chegar.
[Refrão
Ohhh, e agora, Dona Maria?
Quem conta o tempo que a luta consome o dia?
São 72 fora, sem tempo pra sonhar,
Quem paga o preço de não poder estar?
[Ponte 2
Uuuu… ahhhh… ohhh…
Escuta, Seu João, o que eu vou dizer:
Você é valioso, não pode ceder.
[Refrão Final
Ohhh, e agora, Seu João?
Quem paga o preço da sua dedicação?
Você é mais valioso, se estiver vivo,
Sua luta é justa, seu direito é legítimo.
[Final
E agora, Seu João?
E agora, Dona Maria?
O peso da vida não é poesia…
Mas você é força, é luz, é magia.
Uuuu… ahhhh…
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