Numa idade avançada vive a mãe da Liberdade
Acomodada num quarto duma casa de saúde
Toda a gente discute os cuidados paliativos
Que lhe são ministrados com dinheiros do Estado
Mas ninguém questiona por onde anda a Liberdade
Essa filha rebelde cujo rasto está perdido
É assunto encerrado, é matéria proibida
É segredo de Estado fechado a sete chaves
A figura mítica de uma jovem e bela rapariga chamada Liberdade, sem outros constrangimentos que não os da sua vontade e desejos, é tida como uma falácia inventada pelos inimigos do povo. Diz-se que não se lhe conhece qualquer rasto porque tal rapariga nunca existiu. Que a única e verdadeira liberdade é a de uma anciã chamada Nação.
Uma anciã cuidada e alimentada pelo Estado porque paralisada pelo peso da idade e da vontade colectiva. Que esta liberdade da Nação é que é a verdadeira liberdade, não os desejos ou as vontades individuais de uma qualquer jovem rapariga, meras manifestações de egoísmo que apenas promovem a divisão e ameaçam a coesão e a força do Estado. Que apenas visam desproteger a Nação e a vontade colectiva que ela encarna. A verdadeira liberdade implica o alinhamento colectivo e a subordinação individual ao Estado e ao líder, aos desígnios nacionais interpretados pelo líder. Implica a submissão à autoridade.
A verdadeira liberdade é a da Nação, não a dos indivíduos, e essa só é garantida pela lealdade, pela disciplina e pela obediência ao Estado e ao líder. A bem da Nação.
Numa idade avançada vive a mãe da Liberdade
Acomodada num quarto duma casa de saúde
Toda a gente discute os cuidados paliativos
Que lhe são ministrados com dinheiros do Estado
Mas ninguém questiona por onde anda a Liberdade
Essa filha rebelde cujo rasto está perdido
É assunto encerrado, é matéria proibida
É segredo de Estado fechado a sete chaves