Ei, olha só o relógio marcando o giro,
Trampo de seis por um, quem vive sabe o perigo.
Favela não dorme, sonho virou corrida,
A cada esquina, um grito pela vida.
(Primeira Estrofe)
Seis dias no sufoco, patrão nem quer saber,
Na firma, suor de sobra, salário que não vai render.
Ônibus lotado, labuta já virou rotina,
Enquanto o luxo sobe, a quebrada desatina.
Filho sem pai, fome no prato vazio,
Nordeste esquecido, terra seca, sem alívio.
Promessa no palanque, discurso cheio de pose,
Mas a água que não chega, vira lágrima de quem ouse.
(Refrão)
Se é pra lutar, então deixa nóis falar,
Voz da favela, ninguém vai silenciar.
Do barraco ao asfalto, resistência é raiz,
Quem vive o corre sabe: seremos por nós, país.
(Segunda Estrofe)
Trampo seis por um, folga que nunca chega,
A labuta escraviza enquanto o rico se nega.
Taxa, imposto, tudo em cima do meu pão,
Mas na mesa do governo, só filé e ostentação.
Asfalto quente, chinelo rasgado,
Moleque no sinal, sorriso despedaçado.
Minoria? Só no nome, porque o peso é maior,
Carregando nas costas o Brasil inteiro só.
(Ponte)
E as mães choram, filho some no morro,
Polícia invade, diz que tá limpando o jogo.
Mas quem suja é quem sobe em Brasília engravatado,
Negando as ruas, mantendo o povo acorrentado.
(Refrão)
Se é pra lutar, então deixa nóis falar,
Voz da favela, ninguém vai silenciar.
Do barraco ao asfalto, resistência é raiz,
Quem vive o corre sabe: seremos por nós, país.
(Terceira Estrofe)
Do capão à baixada, nordeste é meu irmão,
No calor da injustiça, explode revolução.
Favela unida, quem vive entende a visão,
Pra cada lágrima caída, um punho contra opressão.
A escala é cruel, mas a gente não recua,
Nessa selva de concreto, quem sobrevive é rua.
O mic é a arma, voz pra eternidade,
Cê sabe quem é nóis, fala com autoridade.
(Final)
Então joga na rima, quem cala é cúmplice também,
O grito ecoa alto, quebrando todo o além.
Se a justiça falha, nóis faz revolução,
Favela vive, e na rima é expressão.
(Refrão Final - Coral)
Se é pra lutar, então deixa nóis falar,
Voz da favela, ninguém vai silenciar.
Do barraco ao asfalto, resistência é raiz,
Quem vive o corre sabe: seremos por nós, país.